segunda-feira, 9 de abril de 2012

Isso é arte?


– Ouvindo o quê?
– Uma musica antiga do Mr. Catra.
– Porra cara! Sério que você ouve isso?! Só fala besteira.



                Quando se fala do que gosta, há coisas que ocultamos. Ter que responder ao preconceito por uma coisa que se aprecia nunca parece necessário, e aos pouco você vai colocando de lado algo que gosta até o momento em que nem se lembra.
                Isso vai desde musicas, filmes, games, roupas, comidas, etc.
                Por que isso? Se somos livres, não devíamos bloquear prazeres simples que não afetam ninguém a não ser nós mesmos. Pois a arte, diferente da ciência, nunca tem uma resposta errada, pois ela lida com sentimentos e paixões pessoais. Aí entra três coisas que eu acho essenciais para se entender não só um pouco de arte, mas sobre o ser humano.


Tenho o meu gosto, você tem o seu.

Fui pego esses dias jogando Metroid para Nintendo 8bits, não que estava escondendo isso, mas estava evitando comentários como o que surgiu:
– Por que você ainda joga isso?
“É da sua conta?” Devia ter sido minha resposta ao invés de tentar passar meu ponto de vista sobre o game.
– Mas olha como é feio. – Era a resposta para todos os meus argumentos. Logo me vi obrigado a esquecer de qualquer intenção minha de tentar justificar e apenas ignorar tudo.
Com isso, posso completar o que eu falei lá em cima. A arte lida com sentimentos. Por isso, nenhuma criação é totalmente falha, pois vai sempre ter alguém que ira gostar. Não importa se a pessoa goste porque aquele era o quadro que estava no quarto onde ela perdeu a virgindade, porque aquela musica estava tocando no momento em que ela descobriu que passou na prova para entrar na faculdade, porque aquele jogo lembra a sua época de infância ou simplesmente porque aquele filme te faz sentir bem. Sempre vai ter alguém que ira apreciar algo que foi criado.

“O segredo da vida está na arte.”
­­– Oscar Wilde

                Tudo depende da cultura.

                Países subdesenvolvidos como o nosso Brasil varonil são obrigados a engolir a cultura e os costumes das grandes economias, então logo, estamos sempre vendo as mesmas coisas que qualquer americano vê em sua TV ou ouve no seu radio (ou faz ambos na internet). Mas por aqui temos nossa cultura, posso citar o funk, MPB ou até as pornochanchadas do século passado. Tudo isso já fizemos, mas temos certo preconceito com essas coisas, na maioria das vezes, por não ser algo que a cultura que nos domina apreciam. Quando dizem:
                – Olha como no Brasil é uma putaria as coisas! – Temos que concordar. Nos países desenvolvidos também há coisas chamadas “vulgares”, mas o Brasil realmente tem uma grande quantidade desse material, igual a outros países da parte baixa do planeta. África ou outros países sulámericanos criam coisas assim aos montes, não apenas o Brasil. O motivo? Talvez por ser o único jeito de competir com a cultura que vem de fora, já que uma banda de rock daqui tenha que suar muito mais do que uma de qualquer país da Europa pra ter o mínimo de reconhecimento, já um grupo de funk não tem muitos competidores nos países desenvolvidos. Logo se percebe que o que é criado internamente, é uma coisa que os “grandes” países não nos fornecem e também não se interessam muito em correr atrás.

“Todo o grande artista amolda a arte à sua imagem.”
– Victor Hugo

Evoluindo e redescobrindo

– Cara! Esse filme é uma cópia descarada daquele outro.
Copiar, fazer homenagem ou ter influências. Quando Hollywood pega um filme europeu ou asiático e traz ele para ocidente com uma refilmagem, está apenas trazendo o filme pra cultura deles, onde nos EUA, legendas não são nem um pouco populares e as dublagens muito menos. E consequentemente, nos absorvemos a obra adaptada, muitas vezes modificada para agradar mais o público que lhe é direcionado. Esse procedimento é geralmente visto com maus olhos, já que muitas vezes é regido apenas a dinheiro. Isso é copiar descaradamente eu sei, mas muitas vezes é o único jeito de nos introduzirmos em outras culturas, é um tipo de apresentação, para assim irmos atrás das obras originais. Eu por exemplo, nunca conheceria “Ringu” se não fosse por “The Ring”, não conheceria “Jungle Taitei” se não fosse “The Lion King” entre outras. Em outras vezes, somos diretamente induzidos a procurar a obra original quando se fazem as chamadas homenagens, que também é um tipo de cópia, sem tirar os créditos da obra original digamos assim. Há também os casos quando apenas se modifica a arte e os créditos ainda são todos do artista original, no caso da música temos o remix. Mas mesmo quando se diz criar algo original, a influencia é uma coisa que age inconscientemente, sempre vamos querer algo parecido com o que agrada a gente, porque simplesmente não criamos coisas que nós mesmos desapreciamos.
Com os consumidores da arte em questão, é sobre influencias e cópias que nos apegamos ou abominamos a certas obras, porque João parece com José e assim nos sentimos mais familiarizados a apreciar o que foi criado ou simplesmente desgostar por uma ser uma cópia da outra.
Everything is a remix é um site que explica bastante o conceito de cópia. Abaixo você encontra o link (só podem ser visto no youtube) para quatro vídeos legendados desse site explicando mais sobre o conceito de remix.

Eu não inventei nada. Eu redescobri.
– Auguste Rodin

Falar sobre arte é igual falar sobre o tudo e o nada, a vida e a morte, essas coisas para desocupados. O importante é aprecia-la e não se coibir a seus prazeres só porque é algo que ninguém mais goste.

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Meu nome é Jean, mesmo defendendo todas as culturas no texto, não vejo porque ouvir funk no trem ou no ônibus sem fone, cada um ainda tem que respeitar o espaço do outro. Demorei um pouco pra postar, mas agora estou aqui. Escrevo contos como hobby e estarei postando uns aqui com o tempo, junto com alguns textos com a minha opinião (que sempre muda) como esse aqui que você acabou de ler.


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