– Ouvindo o quê?
– Uma musica antiga do Mr. Catra.
Quando
se fala do que gosta, há coisas que ocultamos. Ter que responder ao preconceito
por uma coisa que se aprecia nunca parece necessário, e aos pouco você vai
colocando de lado algo que gosta até o momento em que nem se lembra.
Isso
vai desde musicas, filmes, games, roupas, comidas, etc.
Por
que isso? Se somos livres, não devíamos bloquear prazeres simples que não
afetam ninguém a não ser nós mesmos. Pois a arte, diferente da ciência, nunca
tem uma resposta errada, pois ela lida com sentimentos e paixões pessoais. Aí
entra três coisas que eu acho essenciais para se entender não só um pouco de
arte, mas sobre o ser humano.
Tenho o meu gosto, você tem o seu.
Fui pego esses
dias jogando Metroid para Nintendo 8bits, não que estava escondendo isso, mas
estava evitando comentários como o que surgiu:
– Por que você ainda joga isso?
“É da sua
conta?” Devia ter sido minha resposta ao invés de tentar passar meu ponto de
vista sobre o game.
– Mas olha como é feio. – Era a resposta
para todos os meus argumentos. Logo me vi obrigado a esquecer de qualquer
intenção minha de tentar justificar e apenas ignorar tudo.
Com isso,
posso completar o que eu falei lá em cima. A arte lida com sentimentos. Por
isso, nenhuma criação é totalmente falha, pois vai sempre ter alguém que ira
gostar. Não importa se a pessoa goste porque aquele era o quadro que estava no
quarto onde ela perdeu a virgindade, porque aquela musica estava tocando no
momento em que ela descobriu que passou na prova para entrar na faculdade,
porque aquele jogo lembra a sua época de infância ou simplesmente porque aquele
filme te faz sentir bem. Sempre vai ter alguém que ira apreciar algo que foi
criado.
“O segredo da vida está na arte.”
– Oscar Wilde
Tudo depende da cultura.
Países
subdesenvolvidos como o nosso Brasil varonil são obrigados a engolir a cultura e
os costumes das grandes economias, então logo, estamos sempre vendo as mesmas
coisas que qualquer americano vê em sua TV ou ouve no seu radio (ou faz ambos
na internet). Mas por aqui temos nossa cultura, posso citar o funk, MPB ou até as
pornochanchadas do século passado. Tudo isso já fizemos, mas temos certo
preconceito com essas coisas, na maioria das vezes, por não ser algo que a
cultura que nos domina apreciam. Quando dizem:
– Olha como no Brasil é uma putaria as
coisas! – Temos que concordar. Nos países desenvolvidos também há coisas
chamadas “vulgares”, mas o Brasil realmente tem uma grande quantidade desse
material, igual a outros países da parte baixa do planeta. África ou outros
países sulámericanos criam coisas
assim aos montes, não apenas o Brasil. O motivo? Talvez por ser o único jeito
de competir com a cultura que vem de fora, já que uma banda de rock daqui tenha que suar muito mais do
que uma de qualquer país da Europa pra ter o mínimo de reconhecimento, já um
grupo de funk não tem muitos competidores nos países desenvolvidos. Logo se
percebe que o que é criado internamente, é uma coisa que os “grandes” países não
nos fornecem e também não se interessam muito em correr atrás.
“Todo o grande artista amolda a arte à sua imagem.”
– Victor Hugo
Evoluindo e redescobrindo
– Cara! Esse filme é uma cópia descarada
daquele outro.
Copiar, fazer
homenagem ou ter influências. Quando Hollywood pega um filme europeu ou asiático
e traz ele para ocidente com uma refilmagem, está apenas trazendo o filme pra
cultura deles, onde nos EUA, legendas não são nem um pouco populares e as
dublagens muito menos. E consequentemente, nos absorvemos a obra adaptada,
muitas vezes modificada para agradar mais o público que lhe é direcionado. Esse
procedimento é geralmente visto com maus olhos, já que muitas vezes é regido
apenas a dinheiro. Isso é copiar descaradamente eu sei, mas muitas vezes é o único
jeito de nos introduzirmos em outras culturas, é um tipo de apresentação, para
assim irmos atrás das obras originais. Eu por exemplo, nunca conheceria “Ringu” se não fosse por “The Ring”, não conheceria “Jungle Taitei” se não fosse “The Lion King” entre outras. Em outras
vezes, somos diretamente induzidos a procurar a obra original quando se fazem
as chamadas homenagens, que também é um tipo de cópia, sem tirar os créditos da
obra original digamos assim. Há também os casos quando apenas se modifica a arte e os créditos ainda são todos do artista original, no caso da música temos o remix. Mas mesmo quando se diz criar algo original, a
influencia é uma coisa que age inconscientemente, sempre vamos querer algo
parecido com o que agrada a gente, porque simplesmente não criamos coisas que
nós mesmos desapreciamos.
Com os
consumidores da arte em questão, é sobre influencias e cópias que nos apegamos
ou abominamos a certas obras, porque João parece com José e assim nos sentimos
mais familiarizados a apreciar o que foi criado ou simplesmente desgostar por
uma ser uma cópia da outra.
Everything is a remix é um site que explica bastante o conceito de cópia. Abaixo você encontra o link (só podem ser visto no youtube) para quatro vídeos legendados desse site explicando mais sobre o conceito de remix.
Eu não inventei nada. Eu redescobri.
– Auguste Rodin
Falar sobre arte é igual falar
sobre o tudo e o nada, a vida e a morte, essas coisas para desocupados. O
importante é aprecia-la e não se coibir a seus prazeres só porque é algo que ninguém
mais goste.
––– ––– –––
Meu nome é Jean, mesmo defendendo
todas as culturas no texto, não vejo porque ouvir funk no trem ou no ônibus sem
fone, cada um ainda tem que respeitar o espaço do outro. Demorei um pouco pra
postar, mas agora estou aqui. Escrevo contos como hobby e estarei postando uns
aqui com o tempo, junto com alguns textos com a minha opinião (que sempre muda)
como esse aqui que você acabou de ler.
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